segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ciclista Tem que Morrer!!! – by Claudia Franco

Esta foi a célebre frase que ouvi hoje pela manhã de uma ilustre moradora do Edifício Park Belle Vue, da rua Deputado Laércio Corte no. 625, no bairro Panamby, em frente ao cemitério do Morumbi.
Sai de manhã para fazer um pedal pelo bairro. Há dias tenho feito isto para me acostumar a andar de bicicleta pelas ruas de São Paulo  e usar o carro cada vez menos.

Após uma hora de pedal estava no final de uma subida, a aproximadamente 50 metros da entrada da garagem de um prédio, ouvi o som de uma buzina atrás de mim e de repente uma SUV na cor prata passou na minha frente abruptamente. Freei a bike em cima do carro virei para a calçada para que o carro não me pegasse, acabei caindo, porque a roda bateu na guia da calçada.
Quando estava me levantando ainda tremendo, pois quase fui atropelada pelo carro que passou a minha frente para entrar na garagem, o motorista abriu a janela do carro e gritou: “Ciclista tem que morrer mesmo”.
Primeira surpresa foi me deparar com tamanha agressividade do motorista jogando o carro na minha frente.
Segunda surpresa chocante e assustadora foi ouvir a frase, ciclista tem que morrer.
Terceira surpresa  o condutor do carro era uma mulher.
Além de proferir uma frase ameaçadora, assustadora que demonstra o quanto de raiva contida este ser humano tem dentro de si, ela falou diversos palavrões, disse eu era uma louca e diversos outros absurdos.
O segurança do prédio tratou logo de intervir, claro que a favor da motorista, pedindo para que ela entrasse na garagem. Tentei falar com o segurança para saber o nome da moradora e ele simplesmente deu as costas e adentrou ao prédio.
Todos queremos um planeta melhor, mas  enquanto pessoas como esta mulher continuarem impunes, sentindo-se donos do mundo e que ninguém mais além deles, neste universo tem direito, nada neste planeta vai mudar.
Lamentavelmente mais um episódio de agressividade patológica da conduta humana, causando risco iminente para a própria sobrevivência da espécie.
Vejo este tipo de agressividade não somente pelo aspecto da violência e da coação, mas fundamentalmente sob a ótica do afastamento de outro ser humano.

“Com toda a certeza a hipocrisia é a manutenção da agressividade ao extremo, cortando todas as formas possíveis de reação. É um instrumento político de manutenção da força e desigualdade, para se evitar qualquer transformação nas relações. Poucos refletem sobre o fato de que uma explosão de raiva pode ser tão agressiva quanto uma omissão num momento fundamental de ajuda ou participação perante outra pessoa – O problema é que numa sociedade totalmente competitiva como a nossa, toda a resposta caminha à agressão, por conta da leitura de que alguém está invadindo o espaço vital do sujeito. A conseqüência é não apenas enfrentar os efeitos da agressividade, assim como a culpa resultante do processo.” – analisa o psicólogo Dr. Antonio Carlos Alves de Araújo.
Faço minhas as palavras do Dr. Antonio Carlos, o agressivo deve aprender que uma verdade que expõe pode até ser transcendental, mas jamais pode justificar a submissão plena do outro. Há a necessidade da compreensão, observação e escuta profunda, mesmo perante alguém imbuído de idiossincrasias. O agressivo deve perceber que se habituou com um cenário de disputa e conflito, sendo que seria uma vitória para seu caráter expor seu lado caloroso e humano, e não somente sua rebeldia.”




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