Atualmente são muitas as competições realizadas pelo mundo, contribuindo para elevar o nível técnico do esporte e revelar vários "pilotos", que hoje formam a elite competitiva do esporte.
Como vimos, a história do mountain bike nos permite afirmar que esse esporte já está totalmente consolidado no “mundo ciclístico”, com muitos atletas e entusiastas, um calendário de competições definido e uma indústria de equipamentos que lança novidades a cada dia. E isso é resultado do trabalho de muitas pessoas que se dedicaram ao desenvolvimento do MTB, bem como do grande apoio de entidades públicas e privadas, e da ótima participação do público, que prestigia e fortalece cada vez mais o esporte.
Vamos contar em vários capítulos, toda essa trajetória dessa modalidade ciclística apaixonante, o mountain bike, baseado em pesquisas de antigas revistas como a Bici Sport e Revista Trekking e atuais revistas como a Revista Bike Action, além de histórias contadas pelos pioneiros no esporte no país. E também tentar de alguma forma acabar com certas mentiras e notícias enganosas de alguns organizadores de provas que lançam novas competições que se dizem inéditas que na verdade não são, são mera cópia de coisas que já aconteceu no passado.
Se você é também um dos pioneiros e tem algo para acrescentar que esteja faltando em nosso relato, complete nossa história, enviando fotos, e comento no texto ou mesmo corrigindo algo que foi esquecido ou comentado de outra forma.
Fotos devem ser enviadas para sampabikers@sampabikers.com.br
DÉCADA DE 80 - O início do mountain bike no Brasil
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Fotos devem ser enviadas para sampabikers@sampabikers.com.br
DÉCADA DE 80 - O início do mountain bike no Brasil
“Lembro-me muito bem da aparição das primeiras bicicletas de mountain bike. Foi lá pelo ano de 1988. Morava no Rio de Janeiro, era praticante de ciclismo de estrada e triatlon quando começaram a aparecer, no meio do pelotão, umas bicicletas um tanto quanto diferentes para época. Eram as tão faladas mountain bikes! “ Paulo de Tarso (Pres. Sampa Bikers).
Era mais ou menos previsível que depois de 1988, após o Iº Mountain Bike Cup Fazenda Hotel Jatahy, organizado por Marcos Ripper, em Paraíba do Sul - RJ, a coisa toda explodisse no país. Tudo indicava que os cariocas iriam ditar os rumos; já haviam feito um campeonato, tinham conhecimento técnico avançado das bicicletas e, na época, eram os únicos fabricantes, artesanais, de quadros específicos para mountain bike (Pró Bike).
Em 1989 o ciclismo quase muda de nome, tal a força de entrada e recepção que tiveram essas bicicletas de pneus grossos e muitas marchas. O impacto foi tão forte que muitos dos principais ciclistas olímpicos participaram das provas de mountain bike. Quase toda a mídia, normalmente indiferente ao ciclismo, percebeu essa situação e deu um grande espaço para a nova modalidade. Nascia o mountain bike no Brasil!
O primeiro ano da modalidade no Brasil foi uma festa, quase uma brincadeira. Grande parte dos praticantes, para ser considerada amadora, tinha ainda que pedalar muito! Eram pessoas que se transformavam em ciclistas apenas nos fins de semana, a procura de contato mais próximo com a natureza.
A primeira prova nacional também aconteceu em Petrópolis,no dia 4 de junho de 1989, com a presença de 93 competidores e vitória na categoria principal de Eduardo Ramires.Seria o primeiro confronto entre cariocas e paulistas e também a primeira oportunidade de um confronto com participantes de outros estados. De São Paulo a loja da Trilha fretou um ônibus e levou 23 participantes onde venceram quase todas as categorias.A prova foi dividida em três etapas: up Hill, down Hill e cross country.
A Caloi deu seu empurrão. Patrocinou eventos, provas e lançou rapidamente um produto para o novo mercado: a Caloi Mountain Bike, a primeira bicicleta do gênero fabricada no Brasil. Foi à única fábrica presente no mountain bike em 1989.
Em São Paulo tudo nasceu com JB e Renata Falzoni com sua genial criação: o Iº Cruiser das Montanhas de Campos do Jordão, patrocinado pela Caloi. Foi um mês – julho – com 50 bicicletas Cruiser Montana 5 marchas e um sucesso absurdo! Renata e J.B fariam a primeira prova ainda em 1988. Partiram para uma Copa (Halls-Lâminas Schick) que foi um dos pontos altos de todo o ano de 1989.
Renata Falzoni, jornalista conceituada, jogou todas as suas forças e seu profissionalismo na divulgação do novo esporte e conseguiu resultados surpreendentes. A resposta na mídia foi total e o mountain bike passou a ser conhecido por todo mundo.
Em 1989 aconteceu também o primeiro campeonato brasileiro, que teve como Campeão no masculino o Marcos Mazzaron e no feminino Renata Branco Osório.
O Campeonato Brasileiro, patrocinado pela Caloi, teve a marca de um esporte profissional: muita seriedade nas provas, sempre com uma organização técnica perfeita. Foram cinco etapas: Campos do Jordão, Itatiba, Paraíba do Sul e duas vezes em São José dos Campos. Até então não havia divisão de categorias.
A diferença entre esses dois campeonatos - a Copa Halls-Lâminas Schick e o Campeonato Brasileiro - foi muito grande. Os estilos eram marcados por seus capitães-chefe. Renata Falzoni e J.B. são mais festivos e preocupados com detalhes que agradem a todos, preparando circuitos com trilhas que exigem muita técnica em um clima de alegria. Assim foi a Copa Halls-Schick, como ficou conhecida na época. Foram quatros etapas: Pinhal, Campos do Jordão, Souzas e Atibaia, em que mesmo nas pistas rápidas e com menos trilhas, a força não se sobrepunha à técnica. Para Eduardo Ramires, Campos do Jordão foi a melhor prova do ano de 1989.
Outros Campeonatos
Em Campinas, José Félix realizou cinco etapas de um Campeonato Regional de Campinas – Souzas (duas vezes), Indaiatuba, Campinas e Pedreira. Apelidado por alguém de “Campeonato do Riso”, apesar de não contar com suporte financeiro, conseguiu realizar um evento com muitos participantes e ótima organização.
Outro campeonato que marcou época, também com organização simples e muitos participantes, foi o Intercity da Trilha. O primeiro campeonato, com duas etapas (seriam três, mais não houve data disponível) – uma de Mairiporã até Atibaia e outra de Pinhal até Albertina – foi realizado no final de 1989. Organizado pelo criador da marca e loja Trilha, o “Luisinho da Trilha”, tinha como característica trajetos com muita técnica, força, belas paisagens e longas distâncias. Naquela época já se dizia que esse tipo de prova seria o mountain bike do futuro. E com razão, hoje as provas de maratonas crescem cada vez mais.
No Rio de Janeiro, Henrique Coutinho e Tião Gavião fizeram uma das mais legais provas daquele ano: Petrópolis 3 Mountain Bike, uma prova com up hill, down hill e cross country, tudo em um dia só.
Em 1989 foram mais de vinte provas só entre Rio e São Paulo. Isso sem contar com Santa Catarina onde também houve campeonato. Um aspecto que deve ser lembrado é que o interior do Brasil ainda não havia descoberto o mountain bike.
Mas o fato mais marcante do surgimento do mountain bike no Brasil foi o Campeonato Mundial conquistado por Edu Ramires. Foi um coroamento merecido, pois no ano de 1989 ele havia vencido quase todas as provas e só não levou pra casa o título de Campeão Brasileiro. Sem dúvida foi o ciclista da década de 80 no mountain bike.
Osvaldão dos Santos foi o segundo em vitórias no ano de 1989. Foi uma sombra para Ramires, o único oponente em condições reais de enfrentá-lo. As disputas entre os dois foram um caso a parte. Marcos Mazzaron, hoje atual presidente da Federação Paulista de Ciclismo, se juntou a essas feras do mountain bike. Vindo de uma carreira vitoriosa do ciclismo de estrada, perdeu sua primeira corrida para Ramires. Dali pra frente conseguiu ser o mais forte ciclista de sua categoria.
Outros atletas que se destacaram no ano de 1989 foram os primeiros dos “normais”, cada um com seu estilo próprio: Ulisses Dupas e Cláudio Luiz Branco.
Cláudio Branco era um ciclista que mantinha um equilíbrio entre suas qualidades: forte, técnico, com uma visão clara da corrida. Na época, era o único entre os cincos melhores do Brasil que corria com um quadro nacional, um Pró bike de Terezópolis. Hoje ele ainda continua competindo na categoria máster, sempre chegando entre os primeiros.
Dupas foi apelidado de o “eterno terceiro”. Sua bicicleta era bastante precária, mais sua técnica era refinadíssima. Hoje Dupas coordena uma loja em Campinas.
Dos cariocas, destaque especial para o ciclista olímpico Eduardo Berlink. Mas outros atletas, que também mostraram trabalho muito bom, merecem ser citado, como Marcos Catão, Caio Marques, Luiz Rodegheri e Luiz Cati Pureza. Catão, em 1989, era um dos dez melhores do país e o Caio o mais forte dentre os veteranos. Os cariocas se destacavam por ter um grupo de mais de 40 pessoas que pedalavam muito. Há também aqueles cariocas que não participaram de todas as provas, mas também deixaram suas marcas: Moisés Amaral, Paulo Amaral Gurgel, Gentil Leite e outros tantos.
Em Minas Gerais , na cidade de Juiz de Fora, surgia uma das melhores surpresas de todo ano: os irmãos Miguel e Marcelo Giovannini. Miguel chegou assustando ao andar entre os monstros. Era uma grande promessa que deu o que falar nos anos seguintes.
Dos ciclistas olímpicos, Cleber Anderson foi um dos primeiros a correr de mountain bike. Sempre largou na ponta e chegava entre os dez primeiros. No seu rastro vieram seus irmãos Celso e Clóvis e outros mais.
Nos juniores Mauricio Bombarda era o campeão absoluto, talvez a grande revelação do ano de 1989. E nos veteranos, Rubinho Pontes, Carlão Aliperti e Neni Aliperti embolavam em uma acirrada disputa com Salvador Abreu, o primeiro veterano vindo do ciclismo.
A mulheres
As primeiras meninas a se destacarem no cenário nacional foram Renatinha Osório e Maria Paula Miranda, além da ciclista olímpica Cláudia Carceroni, que estreava no mountain bike com vitória. Ana Cecília Guglielmi, a grande fera do cenário feminino naquele ano, ficou de fora da temporada por ter tido o seu segundo filho. Maria Elisa Gayoso começou o mountain bike com um tombaço, uma fratura, mas voltou desafiando a posição de Daniela Cabrino, que também estava sempre entre as primeiras.
Enquanto a galera colocava as bikes nas trilhas, Daniel Aliperti era a primeira pessoa especializada em manutenção de mountain bikes e também o primeiro a ter ferramentas específicas para mexer em mtb.
Daniel Aliperti comenta:
“Fui mecânico do Maurício Bombarda, do Oswaldão, do Edu Ramires, do Erivan e de vários outros. (90-91-92)”.
Pegava as bikes deles todas ferradas, com tudo duro, funcionando meio mal e quando devolvia, ela tava toda perfeita, macia. Os caras não acreditavam ““.
Daniel Aliperti também participava das provas e participa até hoje. E foi uma das primeiras pessoas a andar com SPD (pedal clip), quando a maioria das pessoas andava de firma-pé. É proprietário de uma das mais renomadas lojas de bikes do Brasil, a Pedal Power.
Publicado por Paulo de Tarso bikers em 15/02/11 às 12:08 na(s) categoria(s) História do MTB no Brasil
Vi no excelente blog do SAMPA BIKERS
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