terça-feira, 15 de junho de 2010

P29BR 29ER TEST / Scott Scale 29 - Parte 2

É tudo que eu já tinha dito, mas com crásse! eheheheheheh


Aposta certeira. 
 


Entre as mais representativas marcas do Mountain Biking mundial, talvez a Scott tenha sido uma das últimas grandes a apostar suas fichas no formato 29er. Essa jogada tardia poderia resultar numa desvantagem em relação aos demais desafiantes, entretanto a Scott se mostrou perspicaz, estreando no jogo das Rodas Grandes com o modelo Scale 29, uma bike bem concebida, de uma geometria toda particular.




O quadro em liga alumínio 7005 produzido com perfis hydroformados de dupla espessura é a base para o sucesso desta 29er, aliando um grafismo particularmente lindo e moderno, com um peso comparável ao de quadros high-end -mais caros- dos principais concorrentes. A bike completa registra interessantes 11,9Kg distribuídos em um pacote equilibrado de componentes confiáveis. Da Shimano estão montados câmbios, trocadores, corrente, cassette e pedivela de eixo integrado, já os freios são os competentes Avid Elixir 5. Os aros 485D e os raios Champion 1.8 são ambos assinados pela respeitada marca suissa DT. Completando o pacote, uma série de componentes de qualidade da própria Scott. O diferencial do modelo fica por conta dos 100mm de curso da suspensão customizada em branco e verde, uma Rock Shox Reba SL, rompendo com a tendência do emprego de garfos com até 80mm de curso na grande maioria das hardtails equipadas com rodas de 29 polegadas.




Jogando os dados, ou melhor, girando as rodas, me deparei com um quadro de chain stays curtos que visam transmitir ao solo de maneira eficiente toda a potência despejada nos pedais, exatamente como prega a cartilha da 29er moderna, entretanto a Scott não trabalhou de forma conservadora e quebrou um paradigma, desenvolvendo um quadro com o ângulo da caixa de direção mais relaxado, que apesar de acrescentar alguns milímetros à distância entre os eixos, favorece bastante o funcionamento da suspensão. Os 69.5 graus da caixa de direção da Scale 29 acabam por viabilizar o aproveitamento integral dos 100mm de curso da Reba SL. O mais elevado ângulo de ataque da roda dianteira de outras 29ers em geral, por vezes não é o ideal para tirar o máximo de um garfo até mesmo com menos curso.




O caminho escolhido pela Scott resultou numa bike de grande estabilidade nas descidas, que a despeito dos chain stays curtos, é de um conforto impar e pode tranquilamente ser utilizada para pedaladas de longa distância, inclusive contando para isso com a colaboração dos pneus Scwalbe Racing Ralph 29x2.25 com perfil alto, desenho agressivo e uma largura considerável, mas não se engane, além de um peso interessante para um modelo de pneu com essas características (580 gramas), os RR ainda oferecem baixa resistência à rolagem e uma boa dose de amortecimento, mesmo que passando aquela impressão de "trator", típica das genuínas 29ers.




Nos aclives os mesmos chain stays e pneus, aliados ao baixo peso do quadro, são pontos fundamentais para garantir um ótimo desempenho. Via de regra me pegava rodando numa marcha mais pesada que de costume. Pedalar de pé com a Scale 29 não exige do piloto muito do chamado "body english", o cockpit da 29er da Scott posiciona o biker de forma centrada e com o peso bem distribuído sobre a bicicleta. A trava de guidão da suspensão Rock Shox também ajuda. Pedalei com 90 psi de pressão nas câmaras positiva e negativa da Reba SL, mantendo a maioria do tempo a suspensão travada, preferindo setar a sensibilidade da plataforma Floodgate em 3/4 de volta a partir do ponto de menor resistência. O guidão Scott Pilot 18 Team com 18mm de elevação e 660mm de comprimento poderia até ser mais largo, de qualquer forma está entre os mais confortáveis que experimentei nos ultimos tempos. A mesa de marca própria e 90mm de comprimento, veste perfeitamente no modelo tamanho M testado.


Contrariando mais um daqueles pré-conceitos que envolviam as bicicletas equipadas com rodas de 29 polegadas, onde a Scale 29 brilha de fato é nos singletracks rápidos e cheios de obstáculos. Consegui com a Scott zerar alguns percursos difíceis e acidentados. O rotor de freio dianteiro de 185mm pode parecer exagerado em algumas situações, mas é potente o suficiente para permitir mudanças realmente rápidas de direção, desempenho que em nenhum momento é prejudicado pela geometria mais relaxada da caixa de direção como alguns poderiam pressupor. Fica claro que a Scott encontrou um interessante equilíbrio entre agilidade e estabilidade.




Chama também a atenção na Scott Scale 29 o seat tube curvado que otimiza o funcionamento do câmbio dianteiro, oferece mais espaço (clearance) para os pneus e permite um melhor escoamento de barro em condições mais extremas. A relação Shimano, além de confiável, foi escolhida com inteligência e trabalha com bastante precisão, com destaque para o simples, mas bonito, pedivela de eixo integrado e o câmbio traseiro XT Shadow, compatível também com o cassette de HG-61 12-36, permitindo que o proprietário que tenha interresse possa adquirí-lo no futuro sem a necessidade de trocar componentes adicionais.




Por falar em upgrades, conforme mencionado em posts anteriores, a Scale 29 tem um potencial dos maiores. Mais uma vez aqui o baixo peso do quadro é um facilitador. A regra número um para aqueles que desejam aumentar o desempenho do conjunto é tirar peso do "equipamento rodante", ou seja, cubos, raios e nipples mais leves, por exemplo, sem contar, uma bem vinda conversão tubeless. Buscando uma dose maior de agilidade e rapidez de aceleração em detrimento à estabilidade, pode-se eventualmente optar por um garfo rígido com altura eixo-coroa menor que a encontrada naReba SL de série, diminuindo a distância entre eixos e baixando ainda mais o central. Para completar, sugiro a troca das manoplas por um modelo do tipo lock-on, mas assim como o selim, essa é uma questão de gosto pessoal. De qualquer forma, a 29er da Scott impressiona e vem de fábrica pronta para detonar desde a primeira pedalada.




A Scott deixa claro que não entrou no jogo para ser uma mera coadjuvante. Com a Scale 29, a marca que talvez seja a preferida entre os consumidores brasileiros, atingiu rapidamente respeito e representatividade também no mercado nacional 29ers. Trata-se de um modelo vencedor, feito para aqueles que buscam uma bike de ótima relação custoXbenefício sem abrir mão do conforto e desempenho. Para 2011 a Scott promete estender a linha de bicicletas aro 29", serão pelo menos 5 opções. O destaque fica para a Scale 949, um modelo com quadro em carbono pesando inacreditáveis 949 gramas, a mais leve no jogo das Rodas Grandes!

Keep 29eriding!


Adil Filoso
Projeto 29 Brasil

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