segunda-feira, 28 de novembro de 2011

BCAA – Atividade Física


O papel dos aminoácidos de cadeia ramificada durante a prática da atividade física e seus efeitos benéficos e deletérios – É fato, no entanto, que muito se fala, mas pouco se comprova. Assim, existe a necessidade de se fazer uma análise crítica sobre o que de fato existe a respeito do uso dos aminoácidos de cadeia ramificada, leucina, isoleucina e valina (BCAA). 
 
A primeira questão diz respeito ao papel dos BCAA durante a atividade física, ou melhor, porque utilizá-lo? Uma rápida pesquisa nos bancos de dados indica alguns motivos: redução da fadiga central durante o exercício prolongado e melhora da performance, embora isso seja discutível, e principalmente a manutenção da resposta imune após o exercício físico intenso e prolongado. 
 
Os BCAA são aminoácidos essenciais, oxidados rápida e preferencialmente pelo músculo esquelético, notadamente durante exercícios de intensidade moderada/alta e longa duração, situação na qual se observa uma queda em suas concentrações plasmáticas, provocada pelo maior desvio destes aminoácidos para a produção de energia durante o exercício. 
 
Considerando-se que o aumento da utilização de BCAA durante o exercício leva a diminuição da sua concentração plasmática, e que estes são utilizados, pelo músculo esquelético, como substrato para a produção de glutamina, aminoácido considerado não essencial, importante, entre outras coisas, para a manutenção da função da resposta imune, este pode ser um dos mecanismos envolvidos na imunossupressão que se observa após a prática de atividades exaustivas de longa duração tipo triathlon, ciclismo, maratona, e corridas de aventura. 
 
É fato, amplamente reconhecido pela comunidade científica, que a atividade física prolongada e intensa esta associada a um aumento na incidência de infecções no pós-exercício, como das infecções do trato respiratório superior (ITRS), fato descrito desde 1903. Diversos estudos demonstram este quadro de imunossupressão em atividades como o triathlon olímpico, corrida e ciclismo, assim como em outras modalidades.

Este quadro é fruto de uma série de alterações fisiológicas que envolvem mudanças neuroendócrinas e metabólicas, como a queda da concentração plasmática de glutamina e/ou mudanças observadas nas concentrações plasmáticas de citocinas. Nossos estudos indicam que a suplementação de BCAA, antes e durante a atividade física, é capaz de impedir a queda da glutamina observada após o exercício, reduzindo, em cerca de 40%, a incidência de sintomas de ITRS. 
 
Assim, se pensarmos na rotina de treinamento de atletas envolvidos em provas de longa duração, em especial triatlons, maratonas, ultramaratonas, provas de ciclismo de resistência, e provas de aventura, que envolve grande volume e/ou intensidade, a redução na incidência de infecções não só contribui para garantir ao atleta melhor qualidade de vida, como também impede que o mesmo fique muitos dias afastados do treinamento, podendo exercer, portanto, um efeito ergogênico indireto, pelo aumento de disponibilidade do atleta.
 
Outro aspecto, discutível, que poderia justificar o uso de BCAA durante a atividade física é a fadiga central, quadro caracterizado por perda súbita da performance sem comprometimento severo dos estoques energéticos, quadro típico, também, de provas de longa duração e intensidade moderada/alta, como a maratona, na qual é reconhecida, a fadiga central, como a “barreira”.
De fato, aqueles que já correram a maratona e se depararam com a barreira, ou conhecem alguém que já tenha passado pela experiência, sabe que, repentinamente o atleta perde rendimento, após alguns minutos caminhando, no entanto, consegue voltar ao seu ritmo normal. 
 
Segundo Blomstrand 2001, a -barreira-, assim como a fadiga intensa pós-atividade, vem sendo associada a flutuações na produção de serotonina, um neurotransmissor envolvido no controle da motivação, humor, e sonolência, decorrente, provavelmente, das flutuações nas concentrações plasmáticas de aminoácidos, como observado pelo Prof. Eric Newsholme, da Universidade de Oxford, em 1986. 
 
No tocante à prevenção da fadiga central, a suplementação com BCAA durante a prova é importante para manter o balanço BCAA/triptofano, uma vez que estes aminoácidos competem pelo mesmo sítio de entrada no sistema nervoso central. Assim, mantidas as concentrações plasmáticas de BCAA, mantém-se o fluxo adequado de triptofano para o SNC e evita-se a fadiga central. 
 
Entre as evidências para a importância do fluxo adequado de triptofano e da produção normal de serotonina para a manutenção da performance, podemos destacar que o tratamento de atletas com inibidores da recaptação de serotonina diminuem o tempo de tolerância ao exercício físico de intensidade moderada em cicloergômetro, assim como que a administração de agonistas de serotonina, ou seja, drogas que simulam sua ação, promove queda da performance em ratos treinados, enquanto drogas que inibem os efeitos da serotonina aumentam a tolerância ao esforço prolongado. 
 
Com base nestes dados, inúmeros trabalhos, cuja revisão pode ser feita em artigo publicado por Blomstrand (2001), mostram que a ingestão de BCAA reduz a sensação de fadiga, física e mental, durante o exercício, e aumenta a performance em tarefas mentais/cognitivas após a atividade, fato este que, por si só, já traria subsídios suficientes para a recomendação do consumo de BCAA por atletas de provas de -aventura- e demais provas de longa duração. 
 
A queda na concentração de BCAA durante atividades de longa duração esta associada, entre outras coisas, à sua utilização como fonte energética, notadamente a leucina. Assim, a suplementação de BCAA antes e durante a atividade cumpre dois papéis: 
 
1 – fonte energética, muito embora em condições particulares, ou seja, em atividades de longa duração e intensidade moderada/alta, principalmente se houver comprometimento severo dos estoques de glicogênio, podendo, nesse caso, contribuircom até 17% do fornecimento de energia para os músculos;
2 – esta ligado à síntese de substratos neoglicogênicos, notadamente alanina, utilizada pelo fígado para a síntese de glicose e conseqüente manutenção da glicemia durante a atividade, além de servir como um sistema tampão, diminuindo a formação do ácido láctico, outro papel que estaria ligado à diminuição da fadiga periférica. 
 
Além destes efeitos, a suplementação de BCAA tem demonstrado ser capaz de induzir síntese protéica e reduzir a proteólise provocada pelo exercício (devido ao fato da leucina contribuir com aproximadamente 10% para a formação de HM), assim como, diferentes quadros patológicos, e reduzir a liberação de marcadores, pós-exercício, de lesão celular. 
 
Existe uma grande quantidade de evidências, baseadas em trabalhos desenvolvidos por diferentes e respeitados centros de pesquisa, ao redor do globo, que apontam para os benefícios inequívocos do consumo de BCAA antes e durante a atividade física. 
 
Ao sugerirmos a suplementação com BCAA sempre nos questionam sobre possíveis efeitos deletérios. Uma busca criteriosa na literatura mostra que, se consumido dentro de limites adequados, não há sobrecarga renal ou hepática, assim como são poucos os efeitos colaterais relatados. Observa-se, em resposta à suplementação, um aumento da captação muscular de amônia, e sua conversão em glutamina e alanina, aminoácidos com elevado potencial neoglicogênico, assim como aumento da síntese protéica, levando à redução da amônia circulante, pela sua maior captação periférica. 
 
Este consumo deve, no entanto, ser indicado e controlado por um nutricionista qualificado, para que o atleta possa retirar o máximo de benefício deste suplemento.


O que é o Mountain Bike?

What is Mountainbiking about? from Filme von Draussen on Vimeo.




domingo, 27 de novembro de 2011

2ª Volta Eco Ciclista do Parque Estadual do Tainhas - 27 nov 2011



2ª Volta Eco Ciclista do Parque Estadual do Tainhas - 27 nov 2011 - ÁLBUM 1


2ª Volta Eco Ciclista do Parque Estadual do Tainhas - 27 nov 2011 - ÁLBUM 2
(fotos Miguel Molardi)


2ª Volta Eco Ciclista do Parque Estadual do Tainhas - 27 nov 2011 - ÁLBUM 3
(fotos Marcos Grandi)






2ª Volta Eco Ciclista do Parque Estadual do Tainhas - 27 nov 2011 - ÁLBUM 4
(fotos Eduardo Sartor)




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terça-feira, 22 de novembro de 2011

SRAM pART Project (fantástico!)

A group of leading contemporary artists have accepted the challenge to create unique pieces of art using only SRAM bicycle components. Each piece will be auctioned and the proceedings donated to the World Bicycle Relief.
Now approaching its grand finale at Chicago’s Gallery 1028 on November 30th leading figures in the cycling world will be viewing the artwork, meeting the artists, and bidding on favorite pieces, directly supporting the mission of World Bicycle Relief.
Best of all, even if you can’t join the event in Chicago, you can still bid online from anywhere in the world! To see how to participate in the auction online: sram.com/partproject/auction.php

skaterracer SRAM pART Project
Powerglide
Artist: Lewis Tardy
The theme of this piece was motivated by the mission of World Bicycle Relief. Two concepts I wanted to express are empowerment and mobility. The physical parameters set for the SRAM competition helped to guide my creative thought process on the possibilities for this sculpture. Working within my established style and technique, which involves, responding to the available materials, cutting and assembling various parts to fit my vision, I was inspired to create a competition inline skater.

meyer SRAM pART Project
The Sprinter
Artist: Jesse Meyer
The bicycle was developed to aid us in one of our most basic needs, a way to move efficiently from one place to the next. Henceforth the purpose of their benefit, SRAM’S parts are often affiliated with athleticism and racing, and are developed for the purpose of increasing the bicycle’s efficiency and performance. Since the bike is often thought of as an extension of the human body, and the body remains our most basic means of transportation, I thought to apply SRAM’s performance parts to an athletic human form, posed to launch into a race. Thanks to SRAM for your efforts towards and important and meaningful cause.

bike SRAM pART Project
Moto
Artist: Steve Radtke
I knew what my box of parts was going to become. The main “frame” pieces of my motorcycle jumped out at me immediately. The top fork piece as a single-sided swingarm was too perfect to resist. As I worked, I stopped seeing them as full-scale bike parts. My goal was to solve each design problem with the provided bike parts whenever possible. And with zero welding skill, I needed to use strategic assembly points to hold it all together firmly. Some details needed a custom solution, though. A small leather seat gives a proper perch. And a couple of cannibalized flashlights provide LED headlights powered by a hidden battery pack. 

Author: Renners 


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pedal Mirante do Tega - interior de Mato Perso - Farroupilha - RS

Pedal com Marcos Grandi, Ricardo Manfredini, Airton Machado, Miguel Molardi e Luis Borges - 70 Km de muito sol, subidas e sofrimento. Ou seja, tudo de bom!


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

1 carro = 10 bicicletas

Durante o Festival de Arquitetura de Londres, a empresa Cyclehoop apresentou essa interessante ideia aos cidadãos: Que tal aproveitar melhor os espaços da cidade e ao invés um automóvel, estacionar 10 bicicletas?
Os bicicletários foram decorados com um formato de carro (em proporções reais) para mostrar quanto espaço deixa de ser utilizado e incentivar as pessoas a utilizarem mais esse meio de transporte!








Vi no Webbikers


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Bicicleta de plástico reciclado produzida no Brasil


Que tal uma armação de bicicleta produzida a partir de plástico de garrafas PET, embalagens de shampoo e peças de geladeira? Pelo menos a 2.500 pessoas essa ideia interessa. Elas estão numa lista de espera para adquirir uma bike de quadro reciclado que é fabricada, sob encomenda, em São Paulo. Essa bicicleta é mais resistente, flexível e barata. Isso porque o plástico não enferruja, amortece naturalmente e sua fabricação transforma resíduos sólidos em um novo produto.

A invenção é do artista plástico uruguaio Juan Muzzi, radicado no Brasil. Ele estuda a fabricação desse modelo há doze anos, investindo dinheiro próprio. Há um ano e meio o molde final ficou pronto. A partir de novembro os primeiros exemplares serão distribuídos. “Tenho a patente da primeira bicicleta de plástico reciclado do mundo”, diz.

Para fabricá-las, Muzzi conta com o trabalho de algumas ONGs que recolhem sucata e vendem para uma empresa que granula o material. Os grãos são vendidos para a Imaplast, empresa de moldes que Muzzi dirige. Também é possível que o próprio interessado leve o material reciclável. No processo de produção, o plástico granulado entra em uma máquina e é injetado no molde de aço. “Cada quadro demora dois minutos e meio para ser fabricado e, se for feito só de PET, usa 200 garrafas”, explica o empresário.

A maioria das encomendas – elas devem ser feitas pelo site MuzziCycles* – pedem os quadros, apenas. Cada um custa R$ 250. Mas também é possível comprar a bicicleta completa, que pode chegar a R$ 3 mil. Estados Unidos, Alemanha, México e Paraguai já demostraram interesse em encomendar magrelas de plástico reciclado. Um modelo infantil começa a ser produzido no ano que vem. E mais: “Em maio começamos a fazer um modelo de cadeira de rodas. Mas nesse caso vamos doá-las. A pessoa só terá de trazer o material plástico”, conta Muzzi.

Gostou? 


Marina Franco

 

Ciclistas conseguem de ultima hora ir ao Parapan

Única dupla feminina convocada pra o Ciclismo Paraolímpico, durante o Parapan de Guadalajara, as atletas Maria Marleide da Silva e Nelma Raizer vão disputar a prova na categoria Tandem, graças ao patrocínio da assessoria esportiva Selva Aventura. A poucos dias da Para Pan, que terá início no próximo dia 12 de novembro, as tricampeãs brasileiras de triatlon Marleide, 41 anos, e Nelma, 52, não sabiam como resolver o fato de não terem um equipamento adequado.

“Em nenhum momento achei que não iríamos. Muito pelo contrário”, afirma a pernambucana Marleide, exemplo de superação e determinação. Primeira deficiente visual triatleta da América Latina, Marleide ficou totalmente cega em 2005, por conta de uma retinose pigmentar (doença degenerativa ainda sem cura), que descobriu ser portadora ainda em 1992. Ao lado da também tricampeã de triátlon, Nelma Raizer, que é a piloto da dupla, as duas são tetracampeãs de ciclismo, tendo vencido mais uma prova no último domingo 31 de outubro, o campeonato paulista dessa categoria.

A bicicleta utilizada no ciclismo paraolímpico é um tipo especial para portadores de deficiência. É uma bike dupla com dois assentos; a deficiente física fica atrás e a guia na frente, embora as duas pedalem. Era esse o equipamento que faltava.
Com uma série de prêmios e medalhas, Marleide e Nelma contam que no início foi difícil a adaptação entre as duas, mas agora já sonham com uma vaga nas Paraolimpíadas de 2012, em Londres, revelando que o Parapan de Guadalajara é importante para o acúmulo de pontos nesse sentido. “Muita coisa está em jogo nessa nossa ida”, diz Marleide. “Estamos confiantes na nossa participação”, acrescenta.
A prova em Guadalajara consiste em quatro momentos de corrida, em dois velódromos, sendo cada um com 250 m. A primeira é de velocidade, em 500 metros. A segunda tem 4 mil metros e é de perseguição; a terceira é de 20 km e também é de velocidade, enquanto a quarta é de resistência e será a mais longa, com 80 km.

“Estamos muito felizes por poder abrigar mais duas atletas desse nível em nosso quadro”, afirma Geraldo Isoldi, diretor da Selva Aventura.







quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O mistério do artigo 201 do Código de Trânsito Brasileiro – ciclista: saiba por que você toma fina nas ruas e o motorista não é punido

[Antes de começar o texto, peço permissão pra fazer um comentário e dizer que estou tão chocado com a resposta dada á autora pelas "autoridades' no trânsito, que chego a imaginar que não só maus motoristas, mas também o poder público não se importa com a vida. Neste caso, a vida do ciclista. Neste feriado, pedalei com a Luciana, e por duas vezes, fomos ATACADOS por motoristas. Numa das vezes, um chegou a raspar o espelho no meu guidão. Na outra, um caminhoneiro passou por nós, EM SENTIDO CONTRÁRIO tão rápido, que quase derrubou a Luciana. Em sentido contrário! Isso deveria dar mais que o 1,5 mt que temos (ou teríamos) por conta da malfadada lei de trânsito... 
 
Quero registrar, também, a indignação pelo atropelamento do Fábio Chioca - ele está bem, somente arranhões e hematomas - por total imperícia e imprudência de uma motorista, que atingiu não somente ele, mas mais ciclistas... vemos na rua todo o tipo de condutores, e sabemos que grande parte não tem condições motoras ou psicológicas para estarem no trânsito, pois estão ali só para arriscar nossas vidas... a lei é burra, conivente, corrupta e vomita asnos que deveriam estar puxando carroça, e não na frente de um volante assassino...
 
O Fábio está bem, APENAS danos materias, mas quantos já perderam a vida? Quer ser o próximo? Ou quem sabe, será alguém que amamos, que conhecemos? Ou quem sabe, alguém que simplesmente ousou usar uma forma de transporte inteligente, numa sociedade burra de consumo, com suas toneladas de aço e fúria?
 
Abraço, Fábio! esse post é pra ti!]
 
 
O mistério do artigo 201 do Código de Trânsito Brasileiro – ciclista: saiba por que você toma fina nas ruas e o motorista não é punido

Flagra de desrespeito à distância obrigatória de 1,5 mt prevista no artigo 201 do CTB - Crédito: Polly Rosa


    Amanhã, dia 28 de outubro, faltará exatamente um mês para a audiência do motorista de ônibus Márcio José de Oliveira, que atropelou e matou a Márcia Prado em janeiro de 2009. Ao tentar ultrapassar Márcia, o motorista não respeitou a distância de 1,5 mt prevista no artigo 201 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) (ele tirou uma fina mesmo) e, literalmente, passou por cima da cabeça dela, matando-a na hora – Márcia usava capacete.
    Há pelo menos cinco meses estou tentando escrever uma reportagem que tem um único foco, uma única pergunta: por que os agentes da CET (os marronzinhos) não estão autorizados a aplicar multa com base no artigo 201 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que prevê a distância de 1,5 mt que o motorista deve ter em relação ao ciclista. Apenas policiais militares têm autorização para aplicar essa multa específica, mas eles não o fazem porque são completamente despreparados para essa tarefa – faça o teste e pergunte a alguns PMs se eles sabem o que prevê o artigo 201. Em 2010, segundo informação da CET, apenas TRÊS multas com base nos artigos 201 e 220 (que obriga o motorista a reduzir a velocidade nas ultrapassagens) foram aplicadas em São Paulo (a CET, contudo, não soube informar quantas dessas 3 multas se referiam ao 201).
    Nos últimos dois meses intensifiquei a apuração sobre o mistério do 201. Entrevistei uma especialista em medicina do trânsito para falar sobre acidentes envolvendo ciclistas, pedi a ajuda de um agente da CET para que, informalmente, contabilizasse o número de casos de desrespeito ao 201 que ele flagrasse; pedi a amigos ciclistas que contabilizassem o número de finas que receberam em um dia de pedal nas ruas e, principalmente, entrei em contato com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), com a CET e com a Secretaria Municipal de Transportes de São Paulo para que me dessem uma posição técnica e legal sobre o tema. Assessores de imprensa e assessores de autoridades foram absolutamente morosos, confusos e às vezes até arrogantes nas respostas – passaram informações que eu sabia que estavam erradas, eu os questionei, eles insistiram no erro e, dias depois, me ligaram ou escreveram para dizer que se equivocaram. No fim das contas, CET e Denatran lavaram as mãos e jogaram um ao outro a responsabilidade pela não aplicação do 201 – e enquanto ninguém assume a batata quente, você e eu, ciclistas urbanos, é que temos que nos virar nos malabarismos sobre rodas pra desviar de gente que dirige pra matar.
    Depois de dezenas (de-ze-nas) de emails enviados e telefonemas dados, houve pelo menos um consenso: o que CET e Denatran disseram é que o artigo 201 não é aplicado porque o marronzinho não consegue medir, a olho nu, a distância de 1,5mt. Ok. Não consegue. Então temos aí um problema técnico na redação da lei, confere? Se fosse bem redigido, aplicável e sua infração devidamente autuada nas ruas da cidade, o artigo 201 poderia ajudar a criar a cultura do respeito à distância segura do motorista em relação ao ciclista e, assim, evitar crimes como o cometido contra a Márcia em 2009.
    E lá fui eu perguntar, mais uma vez, quem poderia falar sobre essa questão técnica da lei, explicar como essa falha poderia ser solucionada para que o artigo fosse aplicado e os motoristas, de uma vez por todas, passassem a respeitar os ciclistas nas ruas – se não é por respeito à vida humana, que seja pelo medo de tomar multa. “Gostaria de saber o que pode ser feito, do ponto de vista técnico, para que a lei seja passível de ser aplicada pelos agentes de trânsito, se ela precisa ser mudada, se os agentes precisariam de algum aparelho especial, de algum treinamento especial, etc”. Foi isso o que perguntei no email enviado no dia 21 de outubro à assessoria de imprensa do Denatran, em Brasília. No final do email, pedi que me indicassem um técnico para que eu pudesse entrevistá-lo. E vejam que primor de resposta recebi no dia 24 de outubro:

    “Sabrina, em atenção à consulta ora formulada, passamos a informar, nos termos a seguir. A operacionalização do art. 201 do Código de Trânsito Brasileiro é bastante difícil, uma vez que há que se observar a distância de um metro e cinquenta. Assim, entendemos que será possível autuar pelo art. 201 do CTB quando for possível a abordagem OU QUANDO OS VEÍCULOS SE ESBARRAREM, DE FORMA QUE FIQUE CARACTERIZADO QUE A DISTÂNCIA NÃO FOI OBSERVADA“. (o negrito e CAPS LOCK são meus).

    Ou seja: a autuação pela infração do artigo 201 será feita no exato momento em que a lei for descumprida, no momento em que uma tonelada de ferro e vidro se deslocando com velocidade maior que a sua, ciclista, estiver esbarrando no seu corpo – com sorte, o motorista infrator não estará esbarrando as rodas do veículo dele na sua cabeça (por via das dúvidas, use capacete).
    Não satisfeita com a resposta (e chocada com o nível de non sense), enviei um outro email dizendo que eu PRECISAVA entrevistar um técnico do Denatran. A assessora respondeu que “infelizmente os técnicos não falam com os jornalistas. Quem nos respondeu foi a área jurídica/ fiscalização”. Enviei um outro email INSISTINDO no pedido de entrevista pessoal com alguém do Denatran. Isso foi no dia 24 de outubro, mas até agora não recebi resposta. Hoje pela manhã liguei para a assessora em Brasília. Ela estava ao telefone. Deixei meu contato e ainda aguardo retorno. Seguirei tentando a entrevista. São perguntas simples feitas a pessoas que, dado o caráter de serviço público do seu trabalho e influência direta na vida das pessoas, têm obrigação de dar uma satisfação aos interessados – nesse caso, você, eu e todos os ciclistas urbanos. Não pode ser algo tão difícil e nebuloso assim. Ou pode? Pelo bem da nossa vida, esperamos que não.

Lembre-se: a audiência do motorista que matou a Márcia é no dia 28 de novembro, às 2:30pm, no Fórum Central Criminal da Barra Funda (Av. Dr. Abraão Ribeiro, 313). O processo é público e você pode consultá-lo no fórum, basta levar esse número: 050.09.013030-8. A audiência também é pública. Divulgue, compareça, pressione.


14:29, 27 de outubro de 2011
Redação Época SP